Paul Volcker enfrentou um grande desafio antes dos anos 80 ao combater inflação que assolava o país por mais de uma década. Após o choque de petróleo em 1973, a inflação mais que dobrou, indo de uma média de 3,2% para 7,7%. A inflação alcançou 9,1% em 1975, a maior desde 1947. No ano de 1979, a inflação tinha batido 11,3% desencadeada por uma crise de energia e em 1980 alcançou 13.5%.
Não apenas a inflação tinha explodido, mas o crescimento econômico tinha parado e o desemprego estava alto. Este cenário de baixo crescimento com um ambiente de hiperinflação foi chamado “stagflation”.
Volcker foi amplamente creditado por combater a inflação, mas por seus seguidos aumentos da taxa de juros, também foi duramente criticado por levar a recessão de 1980-82. De uma média de 11,2% a taxa de juros em 1979, Volcker e seus quadro de assistentes financeiros de cada estado levaram a taxa de juros a 20% em 1981, tornando a ponta do iceberg da recessão a seguir.
Quarenta anos após, o FED encara um problema semelhante atualmente pelo crescente aumento da inflação. E assim como Paul Volcker, as taxas de juros vem subindo para tentar colocar a inflação sob controle.
Gráfico da inflação dos Estados Unidos:
O aperto monetário atual não tem funcionado até agora. A inflação tem subido desde que o FED começou a subir os juros em março.
Parece que o FED está determinado em trazer a inflação para o seu alvo de 2%, apesar de já haver indicações que a taxa de juros atual já prejudicou a economia, empurrando-a para uma rápida recessão se não já estivermos lá.
Sinais de Recessão
Para que ocorra a estagfalação, três elementos precisam ocorrer simultaneamente: (i) crescimento que está reduzindo ou parado; (ii) alto desemprego e (iii) alta inflação. Desses três fatores, apenas o desemprego está baixo, porém com sinais de alerta verificado por aumentos pontuais dos pedidos de seguro-desemprego.
Analisando os dados de crescimento, o país já teve a sua redução de PIB pelo segundo trimestre seguido, indicado recessão técnica e desde 1948, o país nunca viu duas quedas trimestrais do PIB sem encaminhar para uma recessão.
Outro sinal importante é a inversão da curva de juros.
Comparando com situaçoes anteriores:
Historicamente, a alta inflação combinada com o aumento da taxa de juros pelo FED tem levado a muitos a comparar a situação atual com a de 1980, particularmente porque os dois períodos são stagflacionários. No entanto, diferem por algumas razões;
De acordo com o quadro abaixo, o débito dos estados unidos em 1970 era 35% do PIB. Hoje está três vezes mais alto, em 123%.
Isto limita severamente o quanto e quão rápido o FED pode aumentar os juros, já que acarretará também num aumento de juros que o governo será forçado a pagar para sustentar esse débito atual.
Empanturrando-se de débito:
O débito dos Estados Unidos cresceu substancialmente nos governos de presidente Obama e Trump. Quando Trump entrou em 2017, o débito estava na casa dos $20 trilhões. Quando saiu no começo de 2021, o valor estava em $28,1 trilhões.
A cada aumento da taxa de juros, o governo federal precisa gastar mais em juros. Este aumento da taxa reflete-se no débito total anual, estando hoje em mais de $30 trilhões.
Nós estamos falando em um custos de juros aproximando-se da casa de trilhões por ano, cerca de um quarto da receita anual de $4 trilhões, o que é um absurdo.
Em pouco tempo, o FED estará perdido. O aumento da taxa de juros para combater a inflação irá quebrar o país.
O aumento da inflação também afeta o investidor, pois leva a uma perda em bonds (yeld – inflação torna-se negativo).
Inflação também é ruim para ações, pois acarreta num aumento da taxa de juros, o que prejudica os ganhos.
Uma maneira de fugir dessa cilada é investir em bonds indexados a inflação (TIPS). Outra opção é comprar ouro, a mais antiga e contraditória proteção contra a inflação, que comentaremos a seguir.