Little Book of Valuation – Damodaran (Parte I)

Introdução

Iremos de uma forma básica, porém direta e simples, entender como avaliar uma empresa de acordo com o “Little Book of Valuation” de um dos maiores nomes nesta área: Aswath Domodaram.

Ao avaliar uma empresa, algumas verdades gerais de valuation que os investidores devem saber e são fundamentais para avaliar uma empresa, como definir uma taxa de crescimento apropriada e as diferenças entre avaliar uma companhia em crescimento (growth / startups) e uma empresa já estabelecida, por exemplo.

Outras características também a serem avaliadas é quando avaliamos uma empresa com grande ativos intangíveis (ex.: coca cola, apple).

É imprescindível para um investidor evitar a perda ou maximizar seus lucros é saber avaliar uma empresa.

Hoje, você compra ações para reinvicar fluxos de caixa futuros potenciais de uma empresa. Em outras palavras, você pode adiar o consumo hoje para consumir depois.

O processo de valutation é um mecanismo de trocar dinheiro por crédito no futuro. Assim, você precisa desenvolver essa habilidade para avaliar esses fluxos de caixa se quer investir sabiamente.

O livro aborda os desafios de avaliar empresas que são completamente diferente das outras, nos seus diferentes pontos do ciclo, qualquer que seja o tipo de negócio, se uma de commodity ou negócio de teconologia que invista apenas em P&D. São apenas 170 páginas que dão noção do básico necessário do processo.

Na introdução, Damodaran aponta como razão que a maioria dos investidores não fazem o valutation é porque vêem a avaliação de um ativo como muito assustadora ou simplesmente ignoram completamente. Ele acredita, de fato, que a avaliação é simples, e qualquer um que esteja disposto a passar o tempo coletando informações pode fazê-lo.

Valutation de Fato

Damodaram acredita e define como investimento é quando um investidor não paga mais que um ativo do que vale, mas há gente (e muitos) que acreditam que o preço pode ser justificado se houver outros investidores que acreditam que um ativo vale aquele “valor”.

Damodaram aponta que existem muitos modelos de valuation, mas apenas duas abordagens: intrinsic valuation e relative valuation.

Intrinsic valuation é baseado no fluxo de caixa que você espera que um ativo apresente durante a perpetuidade. Enquanto o foco deveria ser o valor intrínseco, a maioria dos ativos são precificados em valores relativos. Por exemplo, de forma simplista, podemos avaliar a magazine luiza com base nos múltiplos da via varejo.

Devido a pressão dos seus empregadores bem como manter boas relacções com as empresas avaliadas, analistas institucionais apresentam um bias de frequentemente de recomendarem mais compra do que venda. Você também pode ter uma impressão positiva de uma empresa, assim você colocará uma maior taxa de crescimento e verá menos risco quando comparado com outras companhias semelhantes.

Outra regra importante, é que a maioria dos valuation estão errados, prinicpalmente aqueles de analistas certificados. Na realidade, você pode realizar um bom valuation com os melhores dados e informações disponíveis, mas valuation requer um prognóstico ou visão do futuro que não temos em mão.

Frequentemente, podemos estar certo sobre o futuro de determinada empresa, mas o futuro do mercado pode se desenrolar de forma diferente do que pensamos. Para ser um investidor de sucesso, precisamos focar em errar menos do que buscar em estarmos sempre certos.

As grandes casas de investimento que compram e vendem diariamente possuem modelos bastante complicados. Eles colocam muitos detalhes nos seus valuation, com bastante variáveis sendo analisadas, de forma que quanto mais inputs são inseridos, maior o potencial de erro. Assim, Damodaran defende como regra geral usar o modelo mais simples possível com as variáveis mais importantes da companhia.

O valor do dinheiro no tempo

Como regra básica, um real hoje vale mais que um real no futuro, ou você prefere comer um sorvete hoje ou daqui um ano? Além disso, quem me garante que a proposta do sorvete continuará de pé após um ano? A isso, ou possibilidade de não recebermos, damos o nome de taxa de risco.

Quando projetamos o fluxo de caixa de uma empresa, precisamos considerar três fatores que levam a perda do valor do dinheiro no tempo: (i) inflação; (ii) taxa de retorno e (iii) a taxa de risco. A partir dessas três variáveis chegaremos a taxa de desconto, ou seja, a taxa que descontaremos nosso fluxo de caixa projetado no futuro.

Adendo: Hoje os investimentos mais livre de risco são os treasuries americanos, sendo por isso considerados risco inexistente e, portanto, a taxa de retorno basal que consideraremos no valuation. Como estamos no Brasil, existe a taxa de risco do país (prêmio-país). Assim, para tornar mais simples, consideraremos para os ativos brasileiros a taxa de retorno basal a nossa Selic para investimentos “sem risco” ou aqueles denominados de renda fixa.

Por exemplo, 100 reais daqui a 10 anos e tendo uma taxa de desconto de 10%, vale hoje apenas 38 reais. Assim, quanto mais projetamos no tempo o nosso fluxo de caixa, menor será o valor presente. Por isso, empresas de growth ou tech são mais sensíveis a taxa de juros em relação aquelas já consolidadas.

No post seguinte, abordaremos sobre a contabilidade da empresa….